Bibliotecária do Amor: 12/01/2011 - 01/01/2012
O maior serviço de referência sobre o Amor!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Envelopes desbotados

Pegou a caixa e despejou todo seu conteúdo sobre a cama. No momento, foi como se uma onda de envelopes de múltiplas cores tivesse arrebentado ali. Uma mistura nauseante de perfumes enlevaram até desvanecer em poucos segundos.
Passou os olhos pelas diferentes cores, nenhum daqueles envelopes significavam algo agora. Nenhum despertara a curiosidade de rever seu conteúdo. Era uma pilha de papel envelhecido. Foram necessários poucos meses para deixar as cores desbotadas e o papel amarelado.
Perto ou longe do Sol, todas as cores estavam se perdendo ali.Perdendo a vivacidade, os tons bonitos e no final tudo estaria um simples conjunto desbotado.
Achou que leria uma das cartas, que um interesse momentâneo, levaria a escolher um dos envelopes ao acaso para ler a carta que estava ali guardada. Porém, enganou-se. Não sentiu interesse algum e nenhuma vaga sensação nostálgica.
Atirou os envelopes para a caixa, retornou eles para seus lugares. Não se esqueceu de nenhum. Todos envelopes e suas respectivas cartas teriam o mesmo destino.
Quando olhou o conteúdo dentro da caixa, não pensou nas cartas, mas somente nos envelopes. Era como se até os envelopes tivessem perdido o sentido, a razão e a vida. Tudo já tinha chegado além do final. O fim já tinha chegado, e até os envelopes já estavam mortos.
Observou que a mesma coisa tinha acontecido com os sentimentos, aos poucos cada um deles também foi perdendo suas cores, cada sentimento desbotando e perdendo sua vida. Ficando tudo tão opaco que não havia mais interesse algum em guardar aquelas cartas, ou em pensar nos sentimentos.
Foi atirando os envelopes para a lareira, depois que todos estavam lá, tirou a caixa de fósforo do bolso.
Uma vaga sensação tomou conta de si. Não lembrava o que estava escrito em cada uma daquelas cartas, mas a essência ainda tinha seu lugar na memória, ia riscar o fósforo mas parou o movimento.
Pegou um daqueles envelopes para guardar como recordação. Aquele único envelope iria representar todos os outros. Colocou o envelope escolhido ao acaso na caixa, não iria o ler, somente guardar.
Haviam coisas mortas do passado que não queria reviver. Acendeu o fósforo e colocou entre envelopes. Fez esse processo novamente e observou os envelopes e as cartas desaparecendo, tudo virando cinza.
Era uma boa associação com seus sentimentos, que já tinham virado todos cinzas. Ao pensar isso, lembrou-se que ainda havia um envelope que não era cinzas.
Olhou a caixa e ali havia um envelope que outrora fora vermelho. Pensou em abrir e ler o que estava ali escrito, mas sua vontade vacilou. Ficou por um tempo com medo de que como os envelopes, ainda houvesse um único sentimento. Sentia que eles tinham virado cinzas, mas algum podia ter sido poupado como aquela carta. Se lesse a carta poderia saber qual sentimento tinha sido poupado, mas isso assustava, pois mesmo após o final o que poderia ter sobrevivido era: Eu vivo você!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Até que a vida...

Até que a vida passa a ter alguns tons cinzas quando estamos apaixonados.