Bibliotecária do Amor: 09/01/2011 - 10/01/2011
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Todas palavras significam uma frase

Começou a pensar nas várias coisas que podia dizer.  Queria poder dizer a falta que sentia, a dor que não sumia.
O desespero por ver tudo se apagando a sua frente, sem poder fazer nada.
Havia tantas e tantas palavras, mas elas perdiam o sentido assim que se uniam em uma frase.
O papel não era mais o suficiente para expressar o que queria dizer, as palavras não contemplavam o sentido que precisavam passar.
Não havia mais palavras que pudessem expressar o que sentia.
Queria poder dizer que estava sofrendo, que queria que as coisas voltassem.
Mais sabia que nada mais poderia ser o que já havia sido.
O passado andava ao seu lado, acompanhando o ritmo de cada passo seu.
Não havia mais como escapar do passado. Não havia como esquece-lo ou palavras que fizessem ele desaparecer.
Mas mesmo estando lado a lado com o passado, ainda queria dizer muitas coisas.
Sentia falta de cada pequeno detalhe, de cada coisa existente ou não.
Sentia falta das coisas que poderia ter tido, mas hoje não era mais possível.
A saudade instalou-se em seu outro lado.
Queria saber o que fazer, saber corrigir ou saber esquecer.
Mas não sabia mais nada, todos os conhecimentos se tornavam nulos nesses momentos.
Não conseguia fazer mais nada.
Queria poder dizer algo, algo que mudasse tudo. Algo que expressa-se que ainda havia amor, aquele amor constante.
Mas a vontade morria de medo, medo que tudo se repetisse.
Recuperar para perder novamente. Esse era seu maior medo.
Se é para perder que seja uma. Se é para sofrer que não haja motivos para acentuar o sofrimento e a dor.
Queria poder dizer muitas coisas, e por isso não dizia nada.
Tornou as palavras inexistentes, deixou que só houvesse presença nos pensamentos, nas lembranças, nas dores.
De tantas palavras que queria dizer, sabia que só uma poderia expressar tudo.
Só havia uma frase que pudesse compreender toda a complexidade.
As palavras que queria dizer sempre significaram: Eu vivo você!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Folhas aos pedaços

Hoje encontrou algumas folhas velhas, já amassadas e amareladas. Folhas a tanto tempo guardadas, mas nunca esquecidas.
Folhas escondidas para não serem vistas. Folhas com palavras doces, mas que iam amargando quanto mais lia.
Lembrava-se das palavras, da melodia e do aroma que saia daquelas folhas.
Era uma recordação que não podia permitir vir sempre ao seu encontro.
Olhou para as folhas, leu diversas vezes. Deixando que a dor viesse ao seu encontro a cada palavra lida.
A cada sílaba que saia da folha, ia criando vida ao seu redor.
As palavras circulavam ao seu redor, formando um redemoinho.
Não poderia reencontrar aquelas folhas. Era hora de fazer algo.
Enterra-las junto com o passado já morto.
Rasgou a primeira, o que pareceu ser mais um rasgo em seu coração.
Rasgou a segunda, e ao olhar a terceira viu que não poderia se livrar de todo daquela lembrança.
Algo deveria permanecer para ser invocado nos momentos em que a dor parece aliviar o sofrimento.
Procurou uma tesoura, logo a encontro. Cortou uma pedaço da folha. Iria para sempre guardar aquele paragráfo, salvo naquele pedaço de papel, resgatado de sua fúria.
Agora já eram palavras tão distantes, mas sabia que era momentâneo. Logo aquelas simples palavras trariam de volta todas as outras.
Pegou os retalhos de papel e jogou na cesta de lixo. O pedaço restante, guardou em sua carteira.
Iria sempre, ao menos, carregar as palavras junto consigo, já que nada  além delas restavam.
Junto com aquelas palavras, estariam sempre outras também escritas. Mas escritas em seu peito. As palavras do papel poderiam sumir, como desejava que todo o resto sumisse, mas as palavras que tinha dentro de si nunca iriam desaparecer, sempre seriam: Eu vivo você!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Naquele banco...

Hoje parei ao lado do banco onde nos sentamos.
Sempre via você nele, hoje fiz meus olhos verem a realidade.É um banco vazio.
Não é uma ponte para o passado.
Tentei lembrar o que senti naquele dia, mas foi um misto tão grande de sensações que não posso mais lembrar.
Com certeza o que senti faz contraste com o que sinto e com o que me faço sentir hoje.
Percebi que não lembro mais de cada detalhe, aos poucos a essência vai se apagando.
Isso prova que um dia esquecerei de tudo ou morrerei tentando.
Sempre ficará uma pequena lembrança para se ignorar, para deixar guardada no fundo da memória para não ser percebida.
Os dias apagam a presença que existiu quando sentamos naquele banco, e trazem a tona a verdade, o banco sempre estará vazio para mim, nunca mais representará nada.
A verdade aflienge e doi mas não cala, imediatamente, o que ecoa na mente: Eu vivo você!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Eu queria...

Eu queria que minhas palavras não fossem jogadas ao vento. Que elas tivessem a direção do seu coração.
Queria que minhas frases pudessem passar o sentido que existe no meu coração.
Queria tantas e tantas coisas sempre, mas o principal era você.
Quem me dera que de minhas palavras o amor verdadeiro se tivessem feito, tivesse se formado e se estabelecido eterno.
Agora porém só queria dizer: Eu vivo você!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Aquela caminhada, nossos passos ao nada

Ao abrir o guarda-roupa e viu o cabide vazio. Nesse cabide havia um casaco tempos atrás. Voltou a fechar o guarda-roupa, fechou seus olhos e encostou a testa na porta. Lembrou-se de quando usou aquele casaco pela última vez. O dia estava frio mesmo ensolarado. O ar estava gelado, mas naquele momento não tinha percebido isso. Na rua seus passos eram acompanhados , passos em sintonia. Passos no mesmo ritmo. Os sorrisos eram correspondidos, estavam numa neblina única que isolava aquele momento do restante da humanidade.
Não tinha como ver através da neblina, por instantes o mundo estava separado e distante. Não havia nada, exceto os passos, os sorrisos e as palavras que fluiam. Palavras que ninguém mais seria capaz de entender, pois naquele momento o mundo estava fora do compasso daqueles passos. Não havia caminho sendo percorrido, somente passos sendo dados.
Voltou a abrir os olhos, por um momento a nostalgia tomou conta. Lembrou-se daquela caminhada, não havia destino nem futuro nela. Essa certeza tirou a nostalgia para trazer outra dor conhecida.
Sentiu o ar faltar. Puxou o ar com força, fazendo seu corpo funcionar. A vida tinha se tornado isso: olhar um cabide vazio, um quarto vazio, uma cama e uma vida vazia. E lembrar dos passos que antes acompanhavam a vida, passos que terminavam ao encontrar a cama, passos que percorriam o quarto.
Voltou a fechar os olhos, voltou a lembrar daquela caminhada. Sentiu a mão tomando a sua, a força delicada que envolviam as mãos, nesse instante o compassou se tornou uma marcha perfeita, cada movimento integrado, sem saber onde terminava e começava.
O compasso tinha se perdido, a caminhada teve um fim, mas nunca um objetivo. A vida tinha se tornado como aquela caminhada. Tinha perdido o compasso e sentido. Abriu os olhos e foi em direção a cama, deitou-se e se deixou afogar no momento. Todos os passos dados não tinham levado a lugar nenhum. Só havia o caminho percorrido e a sua frente o nada. Não tinha conseguido chegar em lugar nenhum.
Queria poder voltar atrás, caminhar novamente por todos os lugares idos. Fechava os olhos para se perder no labirinto das lembranças. Muitas lembranças doces como aqueles passos. Eram lembranças suaves como o ritmo dos passos. Outras lembranças eram como a corrida que tinha antecedido os passos. Correu para chegar naquela praça e para daquele encontro fazer uma caminhada. Não gostava de correr mas para poder anteceder cinco minutos tinha corrido, perdido o ar e também parte do foco.
Deixou que os momentos tivesem em si o foco, a direção e a meta da vida. Disso resultou só um emaranhado de momentos que não podiam mais se repetir. Aquele cabide nunca mais sustentaria aquele casaco. Os passos nunca mais teriam seu ritmo próprio. Os caminhos agora eram diferentes e não se cruzariam mais.
Teve que se esforçar para respirar. Levantou e abriu o guarda-roupa. Viu o cabide vazio, mas o ignorou, não podia se prender todo o tempo as lembranças. Ignorou a mensagem que o cabide passava. Pegou um casaco qualquer e o vestiu. Saiu para caminhar, novamente não havia rumo, ponto de chegada ou objetivo.
Os passos não eram acompanhados e se perdiam no ritmo da cidade. Mas tinha ainda que fugir dos passos que acompanhavam na lembrança. Concentrou-se em seus passos solitários. Ouviu a batida, sentiu o ritmo de si. Um novo compasso tinha chegado. Queria esquecer, lembrar, morrer, viver. Não entendia o novo compasso. Só entendia que queria gritar: Eu vivo você!


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

E quando chega ao fim?

José de Alencar termina o livro Iracema dizendo que tudo passa nessa vida. Eça de Queirós diz no livro o Primo Basílio que o amor já começa com prazo de validade. Fernando Sabino num momento do livro Encontro Marcado demonstra que às vezes queriamos o fim muito antes de quando acontece.
O importante não é se rebelar contra a vida, ou, aceitar tudo passivamente. O importante, de verdade, é que tudo passa.
Tudo passa nessa vida. Passam os amores, as amizades, os sorrisos, as lágrimas, as dores, o Sol, a chuva, o dia, a noite, os bons e maus momentos.
Nessa vida nada foi feito para ser eterno, todas as coisas terminam um dia ou outro. Algumas quando terminam trazem sorrisos, outras lágrimas.
É a vida, sorrir ou chorar, mas sentir algo.
Sentir alguma coisa nos faz humanos, nos faz continuar caminhando. Passos lentos ou rápidos, passos tristes ou alegres, mas sempre continuar caminhando até o grande fim da vida.
Afinal, tudo e todos passam.